segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Trevo de acesso - milagres da arte e da engenharia

O novíssimo trevo de acesso de Carlos Barbosa é, sem sombra de dúvida, a fusão perfeita entre a matemática e a poesia. Uma verdadeira obra de arte. Tentarei em breve postar fotos ou vídeos para que o leitor possa ter uma ideia mais clara das formas e características de tal prodígio da engenharia.

Claro que não sou engenheiro, por isso, não sou exatamente a pessoa mais qualificada para falar dos detalhes técnicos do trevo. Entretanto, minha experiência como motorista e usuário do Trevo me dá certa liberdade para avaliar alguns aspectos dessa refinada obra de engenharia (sim, agora existe um Trevo com letra maiúscula - apesar de não se tratar exatamente de um trevo...). Como um reles motorista (de carrinho popular antigo, mas tudo bem...) não pude deixar de me impressionar com a segurança que o novo Trevo de Acesso a Carlos Barbosa oferece aos turistas e usuários em geral. Todo o trajeto percorrido é iluminado  e sinalizado de forma perfeita, de modo que, mesmo à noite e com neblina, o usuário tem a mais absoluta certeza de estar dirigindo com segurança. Segurança total! Qualquer pessoa, mesmo semi-analfabeta, não terá quaisquer dificuldades para saber qual caminho tomar. O Caminhoneiro não terá qualquer dificuldade em encontrar os caminhos que levam às indústrias. O Turista jamais ficará em dúvida sobre como chegar ao Festiqueijo, ou à Maria-Fumaça, ou a qualquer um dos nossos incontáveis e indescritíveis pontos turísticos. Não há o menor desperdício de espaço ou de tempo, pois o trevo foi desenhado para oferecer o mais alto nível de excelência em logística. Cada palmo foi exaustivamente planejado para que o usuário pudesse sempre fazer o percurso mais curto, mais econômico e ecologicamente correto.

A tecnologia presente nessa obra é espetacular. Além do aparato de sinalização e iluminação  ultra moderno (que é controlado por quatro super-computafores NEC  SX-9), o trevo ainda conta com uma tecnologia  capaz de assumir o controle do carro assim que o usuário se aproxima da cidade, conduzindo o automóvel para onde o passageiro pretende ir. Por enquanto poucos carros estão equipados para usufruir dessa tecnologia, o que obriga os motoristas a utilizarem o trevo da maneira clássica (com as mãos no volante). Foi pensando no futuro que essa tecnologia foi introduzida, uma vez que, depois da duplicação da RS-470 (por volta de 2097) em conjunto com os progressos econômicos fomentados pelo governo de Aynda Cruzes, o carro pilotado pela rodovia será uma realidade em toda a República Sul-Riograndense.

Mas foi a sensibilidade artística do projetista do trevo o que mais me impressionou. Isso não é uma simples obra de engenharia rodoviária. É uma Obra de Arte. Um Poema Rodoivário. Eu pude sentir isso na primeira vez em que transitei por ele. E ainda sinto. É poesia pura. Não se explica poesia, mas vou tentar explicar essa obra de arte. 

Primeiro devemos lembrar que o engenheiro (digo, poeta) teve o impulso artístico de (re)criar a realidade na mente do motorista-leitor-espectador que por ali passa, através dos recursos semióticos disponíveis, porque, para o poeta, a vida não basta.  É só olharmos o exemplo do final do trevo (no sentido São Vendelino - Garibaldi). Nesse ponto, a pista estreita-se repentinamente, fazendo surgir diante do motorista-leitor-espectador uma linda, frágil e delicada... ponte. Essa ponte (poeticamente falando) nos diz algo sobre a fugacidade da vida, sobre a brevitude de nossa existência sobre o mundo. Numa hora estamos vivendo e, de repente, a vida cessa, e estamos nós a cruzar a ponte, a navegar com o Barqueiro Sombrio rumo ao além...

Se o motorista-leitor-espectador optar por visitar a estação da Maria-Fumaça (não aquela no Centro, mas aquela ali no Triângulo) o Poema Rodoviário o levará para um sinuoso e difícil acesso à direita. Ao transitar por esse acesso é impossível não lembrar da saga dos Imigrantes, pois o caminho estreito, a curva acentuada, a sensação de medo, o perigo,  a desorientação, tudo nos faz lembrar dos heroicos tempos da colonização italiana, das dificuldades da viagem para o Brasil, do trabalho árduo, das incansáveis horas de labuta para construir o mundo que Deus sonhou.

Depois, inevitavelmente, o turista (para sair da cidade e voltar para casa) é obrigado a passar pela rótula da Tramontina Cutelaria. Lá ele verá máquinas, empilhadeiras e caminhões circulando e transportando nossas riquezas. Com sorte poderá ver um ou outro Trabalhador na sua incansável luta para fugir da miséria moral que assombra o resto do Brasil. O turista terá a oportunidade de, novamente, refletir sobre o incansável labutar da nossa gente na construção de uma sociedade mais justa e mais humana.

Nos dias de neblina, transitar pelo Poema Rodoviário fará o motorista-leitor-espectador sentir-se literalmente no início da Criação. A escuridão total, o andar sem ver nada em frente  (apesar da total segurança) remete aos idos tempos bíblicos, quando só existia a escuridão e o Verbo. Então o Verbo diz: Faça-se a luz!! E eis que surgem, altivos e iluminados, a Torre, o Trabalhador de Aço e o outdoor da ACBF - maravilhas do progresso - tudo remetendo ao grande ato criador de Deus, o grande Supervisor, que criou o Homem, a mais bela, perfeita e trabalhadora das criaturas. O Homem, que deu nome aos animais. Que invetou o salame, a brítola e os talheres... Que inventou a mulher e o fumo de corda. Enfim, o Homem, que inventou a Arte para ver a si mesmo também como um Deus...

Explicar uma obra de arte é esvaziá-la, distorcê-la. Por isso vou encerrar minhas elocurbações acerca do nosso maior ponto turístico, o Trevo. Eis o Trevo, simplesmente. 

O futuro é nosso!