terça-feira, 6 de abril de 2010

Ah, sim, a mídia...


A cada quatro anos a grande mídia coloca as garras de fora e revela como funciona sua "imparcialidade" e seu “compromisso” com a informação. Essa afirmação já é lugar-comum na blogosfera. Entretanto, nos esquecemos que pequenos jornais ou rádios em pequenas cidades do interior tendem a fazer igual ou pior.

A notícia pura, o acesso aos fatos e às informações (de forma clara e imparcial) a crítica consciente e a responsabilidade de ser um “formador de opinião” parecem não existir. No mundo moderno, "globalizado", a notícia tornou-se um produto a ser vendido no supermercado, junto com margarina, gilete, sabão em pó e xampu. Daí o fato de termos um time de quinta categoria, com datenas e casoys da vida, sensacionalistas berrões e pseudointelectuais enchendo os jornais e telejornais com os seus produtos, da mesma forma que um vendedor de eletrodomésticos anuncia as ofertas do dia na porta de uma loja.

De tempos em tempos deixam de vender o seu peixe (com ou sem sangue) para pegar uma bandeira e fazer campanha, ou melhor, fazer a campanha do patrão, como nos idos(?) tempos do voto de cabresto. Parafraseando Lula, os patrões (dos jornalistas) fazem mais censura do que qualquer governo poderia sonhar em fazer. Reúnem-se para decidir o que deve ser veiculado e de que maneira. Como bons colonizados que somos, fingimos que isso é mentira, mania de perseguição, esquerdismo ou coisas assim.

Esse mal também atinge, como já foi dito, pequenos jornais interioranos. Aqui pela serra gaúcha, jornais criticaram, por exemplo, a luta dos professores e acusaram o CPERS de estar usando os professores para “manobras políticas contra o atual governo do estado”. Ora, todo movimento sindical é também um movimento político, e esse jornalismo de boteco quer, pelo visto, reinventar o sindicalismo, esvaziando-o dessa característica. Esse mesmo jornalismo é capaz de apresentar alguns políticos de forma gramaticalmente correta e educada, enquanto chama outros pelo título pejorativo de “figurões”. Não é preciso estudar “análise do discurso” para perceber o quanto esses folhetins são tendenciosos, quando não são burros, muitas vezes ferindo princípios básicos do jornalismo (que podemos aprender em casa, sem curso superior) como o de ouvir todas as partes e tratá-las de forma imparcial.

Os principais colunistas (no auge de suas “ameaçadas” liberdades de expressão), com raras exceções, são de chorar. As crônicas abrangem desde o saudosismo desesperado até o reacionismo prolixo. Aguns textos são desprovidos de qualquer senso de coesão e clareza (elementos tão caros nas redações de vestibular) ao mesmo tempo em que criticam o desempenho dos professores, numa hipocrisia de dar dó. Todas elas tendem a repetir a ideologia expressa nos grandes jornais ou revistas, até mesmo quando tratam de assuntos ou casos locais. Quando notícia passa a ser mercadoria, o resultado é esse. Ninguém quer vender no seu mercadinho um produto que seja desconhecido, ou fora de moda (seja lá o que isso quer dizer). Corre-se o risco de ser tachado de incompetente, atrasado, antiquado, caloteiro, enfim, corre-se o risco de perder uma fatia do mercado.

Ao contrário do que diz o nosso alquimista da lixeratura, Paulo Coelho, o guerreiro não está só. Então, não adianta trocar Rede Globo por Rede Record, nem trocar um jornal de circulação estadual por um mais "bairrista". Cada vez mais, os meios de comunicação como jornais, rádios e TVs estão se transformando num veículo exclusivo da indústria da publicidade e do entretenimeto. Seria um equívoco esperar deles qualquer coisa além disso, embora eles se autoproclamem detentores da verdade e salvadores da Democracia, quando na verdade, não passam de uma ferramenta usada por uma elite social para a manutenção do status quo.

OBS.: Apesar de tudo, sempre é bom ter um jornal por perto, principalmente agora, no outono, para acender um fogo, colocar no chão do carro ou usar no banheiro (resolvendo as palavras-cruzadas, obviamente).

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