quinta-feira, 9 de julho de 2009

Retrocesso! Retrocesso!

Cansei. Acho que esse é o termo. Procure no google: "bolsa estupro". Não faltava mais nada: um "incentivo" para que a mulher vítima de estupro abra mão do seu (sofrido) direito ao aborto por alguns pila$.

Esse projeto de lei, que está em tramitação no Congresso, fixa um pagamento pelo estado de um salário mínimo mensal, durante dezoito anos, para a mulher vítima de estupro que não recorrer ao aborto.

Minha paciência acabou quando li algumas palavras, que preferi chamar de pérolas: "
se, no futuro, a mulher se casa e tem outros filhos, o filho do estupro costuma ser o preferido. Tem uma explicação simples na psicologia feminina: as mães se apegam de modo especial aos filhos que lhes deram maior trabalho". Isso está justificativa do projeto (como dizem os gaúchos, "carcule, então, o que virá...")

Outra pérola é o depoimento do deputado Luiz Bassuma (PT-BA): "A ciência está do nosso lado, pois a genética diz que a concepção acontece no primeiro minuto, a partir daí já é uma vida e vamos fazer de tudo para que ela seja respeitada". É um argumento muito esdrúxulo, pois a ciência não está nem de "um lado" nem de "outro"; depois ele fala em "respeitar a vida" quando propõe um projeto de lei que não respeita a mulher, não respeita a coletividade, não respeita ninguém, muito menos a vida, pois quem gera outro ser "sem querer" são os animais. O ser humano deveria, como ser racional, ter o direito de optar por gerar ou não outro ser humano.

A pérola maior fica por conta do deputado Henrique Afonso: "O aborto, para nós evangélicos, é um ato contra a vida em todos os casos, não importa se a mulher corre risco ou se foi estuprada", afirma o deputado. "Essa questão do Estado laico é muito debatida, tem gente que me diz que eu não devo legislar como cristão, mas é nisso que eu acredito e faço o que Deus manda, não consigo imaginar separar as duas coisas."

Isso mesmo, eles fazem o que Deus manda. Por isso nada mais natural do que impor sofrimento à mulher. Nada mais natural do que desejar que o ser humano mande às favas a sua racionalidade e se comporte como um animal, que é obrigado a colocar outro animal no mundo só porque o touro montou na vaca (mesmo se ela não quisesse). Também nada mais natural do que fingir que estupro não é nada, afinal, um estuprador só está fazendo o que Deus mandou: "crescei e multiplicai-vos".

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Perturbe a ordem. Comente!